sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Carta do 22º Congresso Apimec : O Brasil no Longo Prazo


Estamos encerrando em 31/08/2012 a 22ª edição do Congresso Apimec no qual discutimos o “Brasil no Longo Prazo” que queremos.
A Apimec está sempre aperfeiçoando suas ideias e abrindo espaço para que os analistas e demais profissionais de investimentos debatam seus objetivos considerando o seu papel estratégico de interface entre as empresas e os investidores --- sejam eles institucionais, estrangeiros ou pessoas físicas.
Existe a consciência dos importantes desafios que vem pela frente.
Na Tarde dos Analistas debatemos as novas técnicas de avaliação efetivamente voltadas para o futuro. Discutimos também a respeito da consolidação do processo de convergência contábil com as mudanças que entrarão em vigor a partir de 2013. Outros desafios são a inserção dos princípios de sustentabilidade nos processos de decisão de investimento e a adoção do relatório integrado de empresas.
Por tudo isso, o processo analítico deve buscar sempre o caminho eficaz da síntese como forma de contemplar premissas e variáveis de análise mais abrangentes e complexas exigidas pela diversidade de interesses dos públicos e instituições investidoras.
Como consenso ficou a crítica ao curto “prazismo” e o ruído de comunicação entre analistas sell side e buy side.
Deve ser estimulada a participação efetiva da iniciativa privada e do mercado de capitais no processo de desenvolvimento econômico. Deve ser dada significativa atenção a processos consistentes de abertura de capital, atraindo também empresas de menor porte. É essencial a diversificação da oferta de produtos e serviços orientados para projetos de infraestrutura com horizonte de longo prazo, como por exemplo, a tão abordada debênture de investimentos em infraestrutura.
Em suma, o padrão de investimento para empresas e projetos deve que se fundamentar mais em um mercado de capitais com uma perspectiva mais ampla e menos dependente do BNDES o que demanda o fortalecimento do mercado secundário de valores mobiliários e títulos privados, questão já debatida em vários eventos do setor.
Ficou claro que o Brasil está cumprindo etapas cruciais para alcançar uma etapa superior para o seu desenvolvimento sustentável, como a estabilização econômica, o aperfeiçoamento das instituições, o crescimento generalizado da renda pessoal e o início da inserção efetiva do país na economia mundial.
O que estamos discutindo nesse novo momento brasileiro é um upgrade na geração de poupança interna, no volume de investimento em infraestrutura e inovação tecnológica. É necessário que haja um maior equilíbrio macroeconômico entre consumo, investimentos e carga tributária e fiscal.
Defendemos uma reforma tributária, dentro do princípio da máxima transparência, para acabar com a injusta, pesada, obscura e viesada estrutura de impostos do país. Nunca é demais repetir que temos uma das mais altas cargas fiscais do mundo.
O Banco Central tem sido competente na redução da SELIC, com a queda de 12% para a histórica taxa de 7,5% em um ano, mas isso dever vir junto com outras políticas de governo, onde as instituições com mandatos auto regulatórios estão prontas a dar a colaboração necessária para apoio ao desenvolvimento dentro de uma visão de longo prazo.
Chegou a hora de enxergar o futuro dando a definitiva prioridade ao princípio da inovação para alcançarmos o status de um Brasil sustentável, com indicadores econômicos e sociais, em consonância com as tendências mundiais e não abaixo delas. Temos referências ambientais bem superiores à média mundial e isso exige uma enorme responsabilidade no uso de seus recursos naturais.
O Brasil não deve ir atrás de paradigmas de crescimento sem limite. Somos diferentes, temos nossos limites e nossas responsabilidades. Se o história pode nos ensinar alguma coisa é que “todo excesso de natureza econômica geralmente resulta em excessos na direção contrária” e quem sofre geralmente não está associado às causas do problema.
É importante destacarmos as mudanças demográficas em curso na sociedade brasileira. Destacam-se a desaceleração da natalidade e da formação de jovens para o mercado combinado com um aumento expressivo da taxa de longevidade ---- que geram desequilíbrios na dinâmica do mercado de trabalho e na crescente participação da previdência social no desempenho fiscal dos poderes públicos em todos os níveis.
Esta tendência é irreversível e deve merecer atenção especial quanto à dinâmica das mudanças econômicas.
Em termos estruturais, os enormes problemas que o Brasil ainda apresenta são também grandes oportunidades de realizações.
• infraestrutura econômica e social incompatível com nossas necessidades de desenvolvimento.
• ineficiência energética, onde existe uma enorme oferta de recursos desperdiçados.
• Educação, sempre em crise, esperando a sua vez de tornar-se prioridade para cumprir os objetivos de formar cidadãos e profissionais qualificados para mais exigente. Destacamos a enorme relevância da educação e previdência para as novas gerações.
• Investimentos incipientes em ciência e tecnologia o que torna o Brasil um país pouco relevante em matéria de inovação e dependente de transferência de tecnologia.
• A possibilidade do uso responsável e sustentável dos recursos naturais como fator relevante no desenvolvimento econômico.
Do ponto de vista político e institucional, a Apimec apoia toda e qualquer proposta visando a melhoria dos padrões éticos da política e da gestão pública no Brasil.
Lorde Keynes disse que “a longo prazo estaremos todos mortos”. Mas também estava preocupado com a “economia dos nossos netos”. É esta a visão da Apimec, fazer agora, forma sustentável, para garantir o futuro.
Encerramos este congresso, convidando para o 23º Congresso a se realizar em Porto Alegre em 2014.
Lucy Sousa
Presidente da Apimec Nacional


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