Consultor defende manutenção do Simples e aumento de acessibilidade ao
crédito
Francisco José Turra, consultor e professor universitário, defende a
continuidade do sistema Simples de tributação de micro e pequenas empresas,
além de aprimoramento de acessibilidade ao crédito. O “fim” do Simples (regime
tributário diferenciado, simplificado e favorecido) prejudicaria seriamente
dois terços das atuais empresas optantes, afirma Turra.
Para o consultor, o ministro da Economia Paulo Guedes deveria tomar medidas
que promovam acessibilidade ao crédito para as micro e pequenas empresas por
parte de instituições oficiais, como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal,
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento, Econômico e Social), e até mesmo
ampliar o Simples Nacional, que atualmente é restrito a empresas de pequeno
porte com receita bruta anual de até R$ 4,8 milhões, como uma medida para a
aguardada reforma fiscal e aumentar a geração de empregos.
O consultor diz que pesquisa realizada pelo SEBRAE (Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) - por meio de entrevistas telefônicas
com 5.910 donos de pequenos negócios - mostra que “apesar da avaliação positiva
do Simples por parte das empresas optantes, 64% acreditam que o sistema pode
ser melhorado, 26% não avaliam possibilidade de melhora e 10% não sabem”.
O estímulo às pequenas empresas está inclusive “no rol de preceitos
constitucionais de incentivo ao desenvolvimento econômico” e geração de
empregos, declara Turra.
Já existem no país mais de 11 milhões de micro e pequenas empresas
e a estimativa é de que sejam criadas mais de 6 milhões até 2022, afirma
Turra, sócio da Aggrego Consultores e doutorando em Administração (PUC-SP).
Dois terços das empresas optantes do Simples enfrentariam “sérias
consequências com o fim do programa; 29% encerrariam as atividades; 20% iriam
para a informalidade; e 18% reduziriam os negócios e as demais tentariam
sobreviver”, observa.
Pesquisa do SEBRAE ainda revela que 76% dos empresários consideram o
Simples ótimo ou bom; 18% regular; 3% ruim; e 3% não sabem. Os dois principais
benefícios do Simples são: saber se a empresa está em dia com suas obrigações
(89%) e a redução dos impostos (83% dos entrevistados). Os demais benefícios:
82% saber quanto a empresa paga de imposto; 80% reduzir a burocracia; 76%
aumentar a formalização dos negócios; 67% diminuir as obrigações acessórias;
65% ajudar na formalização dos empregados; 65% ampliar o faturamento; e 53%
aumentar o número de empregados.
Crédito - Há avanço nas
simplificações burocráticas e de custos administrativos, tributários e
trabalhistas para as micro e pequenas empresas. Turra afirma que, mesmo assim,
“merecem atenção medidas que promovam acessibilidade ao crédito”, por parte de
instituições oficiais, o Banco Central, e bancos privados.
No mesmo sentido de evolução de estímulo a micro e pequenas empresas e
ao desenvolvimento econômico, deve-se buscar o aperfeiçoamento ininterrupto do
Simples, como, por exemplo, ajustes nos limites de faturamento para enquadrar
as empresas, conforme a evolução do próprio sistema e da realidade econômica
brasileira, conclui Turra.
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